A nossa Comunidade é formada por cristãos: homens e mulheres, adultos e jovens, de todas as condições sociais que desejam seguir Jesus Cristo mais de perto e trabalhar com Ele na construção do Reino, e reconheceram na CVX a sua particular vocação na Igreja (PG4)

26 novembro 2018

CresSer

Sábado, dia 17 de novembro, foi dia de CresSer em CVX .
O dia começou cedo para quem é de longe, mas foi com muita paz e alegria que todos nós chegámos a Viseu para o 1º encontro entre a CVX-BL e a CVX-BI.

Começámos com um período de acolhimento que nos preparou para a Eucaristia, que de forma tão familiar nos deu o ponto de partida ao curso de aprofundamento à CVX.
Tivemos da parte da manhã dois momentos distintos, dinamizados pela Isabel Silva que nos falou da “CVX – A sua identidade específica e história” e pelo P. Sérgio Nunes, sj que nos falou da “Dinâmica interna dos Exercícios Espirituais”.

Por necessidade de cumprir o horário do almoço de forma a não “atrapalhar” o serviço da cozinha, decidiu-se passar para o início da tarde a abordagem dos “Princípios Gerais – um fio condutor” pela Manuela Gorgel. Esta partilha de saberes teve de seguida um trabalho de grupo, em que nos foi proposto identificar as ideias chave dos Princípios Gerais (um Princípio Geral por cada um dos cinco grupos) e dessas ideias chave destacar a, que considerava o grupo, mais significativa, com posterior partilha, em plenário, ao grande grupo.
Aqui, a tarde já ia longa … a hora de regresso a casa estava a aproximar-se a passos largos e, tivemos mesmo de deixar a parte final do programa previsto por cumprir na totalidade. 

No entanto, em jeito de avaliação, fomos todos unânimes em considerar um dia em cheio, um dia em que esteve bem presente que o campo da CVX não conhece limites.
Mas não foi só trabalho e reflexão!!! Tivemos alguns, e bons, momentos de pausa que nos permitiu partilhar e conviver à mesa e não só … E ficou a promessa: para o ano há mais CresCer em CVX, com a sugestão de serem menos temas a trabalhar, para se poder dedicar mais tempo a cada um.

Foram muitos os que contribuíram para este dia tão gratificante e, a todos os que contribuíram para este dia e à organização, em especial, o meu Bem Haja, pelo acolhimento tão caloroso e por tanto que aprendi.
Guida Dias
Novo Grupo CVX-BI



O que foi o CresSer para Miguel Cunha

Para quem já se encontrava afastado da vida religiosa, o caminho de procura e de aproximação ao Senhor é solitário. Pelo menos parece ser. É um dualismo entre cada um e Deus.
Participar no CresSer, bem como em outras actividades da CVX, fez-me sentir que o caminho não é solitário. Há outros que, tal como nós, procuram crescer e amadurecer a sua Fé.
O que senti foi o agradável conforto de encontrar nos elementos da CVX a serenidade e felicidade de quem sabe que, não conseguindo ver o invisível, consegue estar com esse invisível.


15 novembro 2018

Palavras Com Ritmo, V


«Caríssimos jovens!

É-me grato anunciar-vos que em outubro de 2018 se celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração.»


(1) “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará tudo e recordará tudo o que Eu lhes disse”.
O Papa Francisco iniciou assim a homilia da Santa Missa, por ocasião da inauguração do Sínodo dos Bispos, que se realizou no Vaticano de 3 a 28 de outubro, com um trecho do Evangelho de S. João. Procurou transmitir na abertura do Sínodo que a Esperança, os Sonhos e a Alegria resultam daquele que se deixa moldar pelo ES.

Como dentro da comunidade paroquial que assiste, P. Luís, consegue sensibilizar para o ES que move e molda nesta situação de Sínodo sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”?

Seria demasiado pessimista dizer que que não, que as comunidades não têm essa perceção do trabalho e da força do Espírito Santo a agir naqueles que se dispõem a refletir e trabalhar uma situação tão urgente para a Igreja, como o é a questão dos jovens.
Porém talvez uma porção significativa dos cristãos possa pensar que toda esta questão passará muito por estratégia humana e de redescoberta de dinamismo para “convencer” os jovens a ocuparem o seu lugar na Igreja, a fim de que ela, como Instituição transmita um espírito mais alegre e jovial.
Mas, aquilo que aqui se coloca, precisamente, é o dinamismo entre as capacidades humanas e a ação de Deus na tarefa evangelizadora que nos foi confiada desde sempre: “ide e fazei discípulos” e “eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. É nesta dialética que a Igreja sempre se deve colocar, traduzida numa linguagem inaciana é o “faz tudo como se dependesse só de ti, sabendo que tudo depende só de Deus”.
Daí ser tão necessário e urgente colocar este motivo para a oração da comunidade. É fundamental pedir às nossas comunidades para que rezem ao Espírito capaz de penetrar a força humana e retirá-la de um autossuficiência que não deixe que esse mesmo espírito possa agir.

(2) “… começamos um novo encontro eclesial, capaz de ampliar os horizontes, dilatar os corações e transformar as estruturas, que hoje nos paralisam, dividem e afastam dos jovens…” PP Francisco

Como viver e dar vida nova à Igreja Paroquial para que haja um recomeço?
Exemplos concretos.

Todo o recomeço tem em si duas grandes exigências: a primeira aprender como passado, o que dele foi francamente positivo e o que é necessário purificar para que não se assuma como fantasma do presente, e a segunda a capacidade de acionar o “START” de um novo tempo, de novas propostas, feitas como uma nova linguagem e fundadas num Evangelho que é sempre novo.
É claro que toda esta exigência só poderá ser realizada com grande disponibilidade interior para a mudança e a renovação, com grande vontade de alcançar uma criatividade que possa quebrar padrões e preconceitos.
Referindo-me ao primeiro ponto, concretamente, creio que não podemos apagar ou simplesmente colocar à margem todo o trabalho que a Igreja realizou e realiza com os jovens. No entanto, é necessário reanimar aquela força de quem sabe estar atento a cada um e não ao número, às “massas”. Para isso, e tanto como o exortou o Sínodo, é necessário o acompanhamento, a presença e disponibilidade de estar nos seus ambientes e escutar entendendo as suas realidades e dilemas. Contrariamente a uma ideia de querer que sejam eles “a vir” para nos ouvirem. Só nesta proximidade se pode cada um sentir amado e verdadeiro filho.
Já o segundo ponto, que aponta para a novidade e a criatividade, é urgente uma readaptação da Igreja ao melhor que a cultura atual, particularmente digital, possa ter. É preciso passar da desconfiança à verdadeira dimensão da presença do mundo juvenil nesse “mundo virtual” que é cada vez mais a sua realidade. Isso exige criatividade, exige desenvolver conteúdos, exige um trabalho sério e de grande dedicação e investimento.

(3) O bispo de Dolisie (República do Congo) disse que o Sínodo era "uma espécie de lançamento em órbita".

Como é que todos nós nos fomos esquecendo do funcionamento harmonioso e em dinâmica fluída do Universo?
Que atitudes e comportamentos nos levaram a um Universo pesado, pouco dinâmico e de luta de poderes?

Respondendo à primeira questão, creio que o nosso tempo se revela pelo seu desmesurado “alter ego”, que coloca cada pessoa como o centro gravitacional de todo o universo. Esse perigo tem-se manifestado também na Igreja. A diversidade de movimentos e carismas, tão positiva e sinal da riqueza de uma Igreja aberta ao Espírito, tem se tornado, também, motivo de divisão e de dedicação de esforços compartimentados, como que se cada um se preocupasse só com o que é seu esquecendo a missão de trabalhar para o “Corpo”. Quando assim acontece, acontece também uma certa “luta de poderes” e de ideais que colocam Jesus Cristo e o seu Reino bem mais longe do que realmente Ele está. Quando um movimento ou carisma se fecha em si mesmo não só se coloca em causa a si mesmo como a própria Igreja.
Continuo a resposta à segunda parte da questão como a mesma convição de que a “supremacia do eu” por parte de alguns líderes fragmentam a ação evangelizadora a que a Igreja está sempre chamada. Talvez o “populismo” também se instale na comunidade dos crentes e isso fez esquecer a fraternidade e a comunhão a que a Igreja está chamada e é principio fundante da sua existência.

(4) O cardeal Tagle disse: "No meu Círculo Menor percebemos que a força da sabedoria que vem das mulheres deve ser ouvida.”

Como se pode, na Igreja local, dar Sentido à sabedoria das mulheres e dignificar a sua inteligência, criatividade e sensibilidade? Exemplos concretos.

Eu sou daqueles que creio que as mulheres nunca poderão ser subestimadas seja em que ação for. O seu papel, a sua sensibilidade e capacidade, a sua docilidade e fortaleza são demasiado preciosas para que possam ser desvalorizadas. É certo que, enquanto herança do passado, o seu contributo tenha sido apagado pelo legado “judaico- cristão”. Mas, e para além de qualquer ideologia do género e longe da discussão do sacerdócio feminino, a verdade é que a mulher tem um lugar na hierarquia da Igreja, na hierarquia do ensinamento, do acompanhamento, da orientação e do governo e isso é francamente positivo para que muitos preconceitos e das barreiras existentes possam desaparecer.

(5) Como ser uma Igreja de todos e para todos? 
Tendo consciência de que os jovens estão sedentos de ser acolhidos, escutados e não julgados.

Esse é de certeza o sonho do Papa Francisco, porque é o desejo de Deus. Aliás, Jesus não veio fazer mais do que isso: trazer-nos a certeza de que seja qual for a nossa condição Deus ama. O “primeiro anúncio” da mensagem cristã sempre se fixou na certeza máxima de que “Cristo ama-te e entregou-se por ti”. Isso é mais do que suficiente para poder transmitir esse desejo de um Deus sedento dos homens.
A linguagem da Igreja é que se tem multiplicado em conceitos e princípios doutrinários que nos tem feito esquecer tudo isto. Logo, no início do seu pontificado o Papa Francisco pediu-nos que “descomplicássemos” a nossa doutrina, a fim de que todos pudéssemos chegar a ela com facilidade e motivação. Claro que tanto mais isso se aplica aos jovens, que não buscam conceitos complicados de uma fé que para eles é suficientemente complexa na descoberta da “graça” que lhes parece tão próxima, mas que pela complexidade dos conceitos é colocada lá tão longe.
Uma Igreja de todos e para todos é a Igreja que abre os braços a Zaqueu, que se curva para escrever na areia ao lado da pecadora, que se senta à mesa com os publicanos e que entende quem sofre o divórcio, quem se define homossexual ou então não encontra oportunidades para ser feliz onde se encontra.
Claro que há uma doutrina que não se pode subestimar e apagar; há um respeito para com a tradição e a própria instituição canónica, mas é urgente dispormo-nos a formar consciências não a julgá-las.

(6) “O percurso de 6 Km percorridos nesta quinta-feira (25 de outubro) pelos Padres Sinodais e jovens auditores que participam da assembleia dos bispos no Vaticano faz parte da Via Francigena, mas acabou sendo rebatizada. Dom Vilsom Basso, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, que caminhou junto ao grupo, descreveu a peregrinação espiritual feita até o túmulo de São Pedro, na Cidade Eterna, como os passos percorridos pelos discípulos de Emaús até encontrar Jesus.”

Como podemos através da arte do Encontro trazer aos jovens e aos mais velhos, Religiosos e Leigos, um desejo de peregrinar e permitir-se a uma Interioridade que nos conduz para o Outro e nos realiza no Outro? 
Exemplos concretos.

Eu creio que este paradigma de Emaús é de fato o caminho da Igreja. O Sínodo gritou-o por diversas vezes e todos conseguimos perceber que o ACOMPANHAMENTO é a chave de toda a acção da Igreja neste momento concreto. A Igreja precisa de conhecer e chamar cada um pelo nome próprio, não pode querer desejar as massas, não pode voltar a sonhar com o “cesaropapismo”, tem de descer do trono, sujar os pés e as mãos para entender que essa é a sua missão no mundo. Recordo frequentemente as palavras do Papa Francisco na primeira eucaristia a que presidiu logo após a sua eleição: “a Igreja é um caminho que se faz sempre debaixo da luz de Deus, que confessa Jesus Cristo como Senhor e que por isso propõe a Cruz como companheira desse caminho”.
Quando nos propomos a trilhar este caminho juntos, em plena comunhão, respeitando o ritmo de cada um, a diversidade de carismas e multiplicidade de expressões são a grande mais valia para uma Igreja de todos.
Quanto a ações concretas a primeira delas passará sempre pelo diálogo motivado pelas preocupações comuns, o traçar de estratégias comuns e a centralização de energias para descobrir o sentido daquilo que Cristo espera desta Igreja, porque assim ela é acompanhada pelo Paráclito.

(7) Agradecendo a disponibilidade, o acolhimento e o compromisso em responder a todas as perguntas lançadas, que Graça a Pedir partilha connosco neste tempo próprio para continuar o caminho em todas as partes da terra onde o Senhor Jesus nos envia, a todos, como discípulos missionários, a ser o presente e o futuro mais luminoso?

A graça a pedir que deixo como desafio é a de que nenhum cristão se sinta fora desta missão de trabalhar e dar de si para que a Igreja se consiga renovar e mostrar a beleza que a deve caracterizar. Se cada um de nós se empenhar nesta tarefa será o nosso rosto, o nosso testemunho a imagem de Cristo a chamar e a desafiar, nas muitas margens do Lago da Galileia que estão pelo mundo.

[Agradeço ao P. Luís Pardal o seu acolhimento, alegria e disponibilidade em partilhar o seu sentir nesta iniciativa.]



Unidos no Senhor,

By Sofia Preto
CVX-BI