A nossa Comunidade é formada por cristãos: homens e mulheres, adultos e jovens, de todas as condições sociais que desejam seguir Jesus Cristo mais de perto e trabalhar com Ele na construção do Reino, e reconheceram na CVX a sua particular vocação na Igreja (PG4)

30 dezembro 2010

Opção pelos mais pobres…

A opção preferencial pelos mais pobres não devia ser uma temática necessária a reflectir, a discutir, ou a meditar por parte das comunidades cristãs.
Tão simplesmente porque faz parte da essência do cristianismo.
Como ser cristão, discípulo e seguidor de Jesus se realmente não se faz essa opção pelos mais pobres no dia-a-dia?
Não é possível ser cristão de outra maneira, não é possível ser cristão sem esse olhar mais específico, sem essa atenção mais direccionada para os mais pobres, para os mais excluídos. Não pode ser de outra maneira… porque é Jesus quem nos ensina, quem nos convida, quem nos confirma….

Foi com esta interpelação que no passado dia 27 Novembro, na Paróquia S.Pedro, o Pe. Paulo Teia, sacerdote jesuíta, iniciou o encontro de formação “Opção pelos mais Pobres” promovido pela Comunidade de Vida Cristã da Região da Beira Interio (CVX-BI).

O Pe. Paulo, ao longo dos seus 21 anos na Companhia de Jesus tem sempre revelado uma grande sensibilidade, apelo e disponibilidade para o trabalho, o convívio e a amizade com os mais pobres, marginalizados e excluídos que vai encontrando por onde passa e vive. Actualmente reside na Comunidade S.Pedro de Claver, no Pragal (Almada), onde é professor de EMRC, e responsável principal do Centro Juvenil P. Amadeu Pinto, recentemente inaugurado e que já conta com cerca de 50 adolescentes e jovens dos bairros do Pragal e Monte da Caparica. É ainda Assistente Espiritual do Serviço Jesuíta aos Refugiados, Coordenador da Comissão do Apostolado Social da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, e colabora também na nova Paróquia de S. Francisco Xavier. Destaque ainda para o trabalho desenvolvido em prol da comunidade de Rabo de Peixe, em S.Miguel (Açores) sendo assistente do projecto “Rabo de Peixe Sabe Sonhar”.


No encontro teve oportunidade de partilhar as suas vivências, as suas dificuldades, mas também a sua humildade, e testemunhar a certeza de quem sabe onde assenta o seu trabalho. Aliás na parte da manhã fez uma proposta de reflexão e oração precisamente para que cada um dos participantes se confrontasse directamente com 2 aspectos da dinâmica mais profunda da nossa vida: (1) é na medida que eu souber quem é Jesus para mim, que eu sei através d’Ele quem eu sou; (2) por outro lado a minha identificação, o meu seguimento, a minha intimidade com Jesus passa necessariamente por aceitar o Seu programa de vida.

E esse programa é bem claro… também Jesus escolheu preferencialmente os mais pobres. Toda a sua vida, desde o nascimento até à ressurreição, foi junto dos simples, dos excluídos, dos cativos, dos necessitados… dos pequenos.

E fez essa escolha não de uma maneira altiva, superior, fazendo juizos de valor, de quem espera retribuição ou recompensa…

Como nos explicava o Pe. Paulo Teia da parte da tarde, através da partilha da sua experiência espiritual e pastoral no Pragal e em Rabo de Peixe, é fundamental que esta abertura, esta partida ao encontro dos outros em condições desfavoráveis seja aberta às diferentes possibilidades, dando prioridade ao que existe, à realidade sem julgamentos, sem imposições, mas com a certeza que “Jesus ama aquelas pessoas mais do que eu; Jesus já lá estava antes de eu chegar”, citando directamente o Pe. Paulo Teia.

É fundamental construir laços de humanidade, de amizade e de compaixão, a partir de uma posição humilde e de serviço, sem querer ser mais alto, ou ser o protagonista, ou ver o outro como um simples objecto da minha acção.

Outro aspecto referido relaciona-se com a pobreza de quem vai ao encontro, de quem aprende a viver com o que tem, à luz da indiferença inaciana, pois sendo pouco ou muito (coisas, sentimentos, relações, sucessos) o fundamental é o amor de Deus que vem continuamente até nós, e que nos suporta e alenta. É precisamente nas nossas fragilidades, que se manifesta a força de Deus, pois só quando somos frágeis é que podemos ser sensíveis às fragilidades dos outros, e assim estamos em condições de podermos ser construtores de relações justas, por acção directa de Deus-Pai em nós.

É curioso como a pedagogia que Deus usa connosco é caminho para a podermos utilizar uns com os outros. Lembremo-nos de modo especial este tempo de Advento em que nos encontramos. Contemplemos o modo como Deus vem ao nosso encontro, como Deus estabelece uma relação connosco… não do alto, mas próximo, despojado, em humildade, de quem precisa de nosso amor e empenho, apesar das nossas pobrezas….Olhemos para este Deus que não desiste de nós, que continua a vir ao nosso encontro , que continua a acreditar em nós apesar das nossas respostas nem sempre serem fiéis ao Seu amor…

O Pe. Paulo Teia teve ainda a oportunidade de mostrar e explicar o projecto “ Rabo de Peixe Sabe Sonhar” desenvolvido junto das crianças e das famílias desta vila na ilha de S.Miguel, marcada por uma situação de real pobreza e miséria, onde coexistem de forma sucessiva diversos problemas como o álcool, a fome, a violência doméstica e o absentismo escolar. O projecto surge de um sonho continuado que acredita que as crianças de Rabo de Peixe podem mudar aquela realidade social, pois não carregam uma fatalidade. Por isso é um sonho que se vai concretizando, e que passa pela partilha de valores simples, pela incorporação de hábitos quotidianos básicos, pela assistência médica e escolar…No fundo sonhar com um futuro melhor, porque é possível. Assim desde 2004 têm sido realizados colónias de férias para as crianças, cujo nº já ascende a mais de 250, sendo promovidos ao longo do ano (Natal e Páscoa) fins-de-semana de formação de animadores locais. No verão deste ano foi ainda realizado a primeira mini colonia de férias com as mães das crianças.

Em suma….
Será que é legítimo colocar a um cristão, a questão concreta de fazer ou não uma Opção pelos mais pobres?
Geralmente fazem-se opções quando há alternativas …. Neste caso não há!!!

Como nos dizia o Pe. Paulo Teia, as palavras de Jesus na Sinagoga em Nazaré são as nossas se soubermos verdadeiramente quem é Jesus … «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor». Lc 4, 18-19

Rui Brás


30 novembro 2010

Testemunhos da nova Equipa Nacional

Amigos CVXistas da Beira Interior,

No final do passado mês de Outubro a CVX viveu um momento importante ao reunir-se em Assembleia Nacional, procurando o que significa para cada um ser profeta nos dias de hoje e como pode a CVX ser uma comunidade profética.

Desta Assembleia e do seu documento final saíram vários desafios para todos os membros CVX em geral e para mim em particular, uma vez que integro agora a nova Equipa Nacional.

Espero contribuir da melhor forma para que nos sintamos todos verdadeiramente em comunidade e, na minha pequenez, apoio-me nos vossos incentivos, contributos e orações, confiando que cada sim vacilante é correspondido por Deus com a firmeza e fidelidade da Sua Graça.
Carla Figueiredo (CVX-BI)




Deixamos aqui os testemunhos de todos os membros da Equipa Nacional:

Uma Assembleia Nacional é sempre um momento privilegiado de nos sentirmos comunidade e, ao mesmo tempo, de saborearmos a nossa extraordinária diversidade. Nesta Assembleia, para além disso, foi muito evidente, para mim, o grau de maturidade que atingimos, que se reflectiu, claramente, na qualidade dos trabalhos. Isso é muito consolador, porque somos também uma comunidade que cresceu exponencialmente em número, nos últimos anos. O que foi menos consolador, por outro lado, foi a ausência de muitos grupos, ou, nalguns casos, de quase todos os grupos de algumas regiões.

O grande desafio que se coloca a esta nova equipa nacional é, evidentemente, levar à prática aquelas que foram as conclusões e recomendações da Assembleia. Penso contudo que é muito importante que, ao fazê-lo, tenhamos em conta as dinâmicas e as fragilidades de cada região. Porque é só a partir do que somos que podemos verdadeiramente fazer caminho. Para este trabalho confiamos na Graça do Espírito Santo e no apoio de toda a comunidade.

Teresa Sabido Costa (Região Sul)



A Assembleia Nacional ficou marcada pela óptima conferência do José Maria Riera que, como bom profeta, nos encheu o coração de ânimo e de esperança. E isso notou-se bem no dinamismo e entusiasmo dos delegados.

O maior desafio de todos é nunca esquecermos que foi Deus que nos chamou e, como dizia o José Maria Riera, esse é um chamamento que consagra e que transforma. E porque é Ele quem nos dá a missão e nos capacita para ela, podemos arriscar neste projecto muito maior do que nós, de servir e ajudar a crescer a CVX-P.

Teresa Cardoso (Região Sul)


Chegámos a Fátima na noite de sexta-feira, expectantes sobre o que iria suceder, partindo cada um da sua realidade específica.
Fomos convocados para testemunhar um momento importante na vida da Comunidade.
Algumas caras já eram conhecidas, outras nem por isso, mas o sentimento era comum – procurar o Mais, avançar em comunidade, encontrar novos rumos.
O Espírito foi conduzindo os trabalhos e enchendo os corações através das conferências inspiradoras, do empenho dos grupos, das orações confiantes.
Foi uma Assembleia densa, interpelativa, consoladora.
Foi também para mim o momento de assumir uma nova missão, que procurarei levar a cabo o melhor que saiba, na simplicidade de quem se sente um pequeno instrumento nas mãos de Deus.
No fim, aquela missa de envio.
Vou continuar a trazer à memória a imagem de toda a comunidade de braços estendidos, na nossa direcção.
Vai-me ser especialmente útil quando a tentação for ficar de braços cruzados, com medo de errar.
Os braços estendidos… Uma Comunidade de braços estendidos.

Carla Figueiredo (Região da Beira Interior)



Aquilo que mais me marcou na assembleia nacional foi a significativa presença de pessoas que compareceram pela primeira vez. Pessoas interessadas, cheias de sugestões e de interrogações.

Por outro lado, também senti uma enorme vontade de renovação, de serem lançados novos desafios e da CVX ganhar corpo, principalmente através da definição das áreas de missão. Parece-me que é um passo em frente e com enormes consequências, saibamos nós agarrar esse desafio.

Como membro da equipa nacional, penso ser decisivo envolver o maior número de membros, de todo o país (chamando aqui à atenção para a importância da criação da região de Évora). Numa Equipa Nacional constituída por quatro membros de Lisboa, torna-se mais que premente uma atenção permanente ao que se vai fazendo em todas as regiões. Por outro lado, há que aproveitar e optimizar toda a energia e vontade daqueles que só agora marcam presença nas actividades da CVX.

Também há que criar estruturas que permitam colocar em prática os projectos de conjunto, na área da família, eclesiástica e social, entre outras. Há todo um desafio de envolvimento dos membros da CVX na vida desta e da referida criação de corpo que será de grande importância nos próximos 3 anos.

Esperemos estar à altura da confiança de quem nos escolheu e que também sejamos proféticos nos novos caminhos da CVX e da Igreja a que pertencemos.

Gonçalo Malheiro (Região Sul)



Fui surpreendido com a minha nomeação para a Equipa Nacional!

As tentações para a recusa começaram a desenhar-se: Tenho tempo? Porquê eu e não os outros? Não será trabalho para os mais “envolvidos”? Já tenho o meu Grupo CVX (ABBA), não é suficiente? A minha vida não ficará demasiado dividida? Tenho jeito para esta função? O que é que vou fazer?

Para estas e outras dúvidas fui obtendo algumas respostas: Afinal consigo sempre tempo para aquilo que quero e gosto; Porquê os outros e não eu; Gosto da CVX, sinto que me fez bem nestes últimos anos, talvez deva aceitar o desafio para retribuir aquilo que recebi de graça; O mundo vai para lá do meu Grupo CVX…; a minha vida não deve estar dividida entre algum tempo para Deus e o resto para mim, mas deve ser harmoniosa e uma só; E, por último, o que vou fazer é o que Deus quiser. Basta oferecer-me para a missão. Deus provê as necessidades que irão surgir.

A Assembleia Nacional deste último fim-de-semana foi um espaço onde senti a ternura de Deus manifestada através dos participantes: alegria, aproximação, entreajuda, descoberta conjunta de novos caminhos e desafios.

Afinal e como foi debatido na Assembleia de 2007, a salvação é comunitária! Deus pretende manifestar-se e quer a nossa salvação através dos outros e no nosso caso particular, através da CVX.

Espero e peço a Deus que me dê forças para poder contribuir com o melhor que tenho e posso para o crescimento da CVX.

Manuel Fraga (Região Sul)

06 novembro 2010

Assembleia Nacional CVX P 2010


11. As conclusões dos trabalhos de grupo expressaram os desejos de sermos sinais de esperança e os apelos a agirmos como profetas, mais de gestos do que de palavras e que ordenámos em cinco grandes áreas:

a. Temáticas da família: Reconhecendo a importância da família como célula base das nossas estruturas sociais, a CVX‐P sente‐se chamada, por um lado, a responder às necessidades das famílias dentro da CVX, nomeadamente facilitando a participação de toda a família nas actividades comuns. Por outro, olhando para a difícil realidade da vida familiar, a Assembleia desafia a CVX‐P a procurar alargar o âmbito da sua acção, para além das suas fronteiras. Concretamente, reconhecendo a presença já significativa da Comunidade em áreas de missão relacionadas com a família, estimula estes membros a partilhar as suas experiências e a criar oportunidades de reflexão em comum sobre estas temáticas. Desafia ainda a Comunidade a estar atenta a famílias em situação de crise e às novas realidades da família, assim como a dispensar um especial cuidado às necessidades de formação espiritual dos jovens entre os 14 e os 18 anos.

b. Estruturas eclesiais: Tendo consciência da presença significativa de membros da Comunidade no serviço paroquial e na pastoral dos Exercícios Espirituais e tendo o PG6 como pano de fundo, a Assembleia reconhece este campo apostólico como uma oportunidade de contribuição da CVX‐P, para a renovação da Igreja, através dos instrumentos da espiritualidade inaciana (oração, discernimento, imagens de Deus, etc). A Comunidade desafia estes seus membros a viverem este compromisso em crescente fidelidade ao seu carisma, procurando o envio e o acompanhamento pela Comunidade.

c. Maior aproximação à realidade dos excluídos: Temos consciência que ainda temos um longo caminho a percorrer como Comunidade, embora tenhamos testemunhos fortes neste campo, nomeadamente o apostolado nas prisões, o trabalho com os sem abrigo, o voluntariado nos hospitais, etc. A Comunidade valoriza o empenho dos membros envolvidos nestas áreas e pede a sua liderança para conduzirem a Comunidade neste caminho. A Assembleia interpela a Comunidade a tornar‐se mais aquilo que é, na definição do PG4, “Comunidade formada por cristãos (...) de todas as condições sociais (...), conscientes da necessidade premente de trabalhar pela justiça através de uma opção preferencial pelos pobres e de um estilo de vida simples.” Sentimos que isto nos exigirá trabalhar a nossa humildade, aprender a trabalhar com e não só para os outros, e procurar activamente formas de traduzir a nossa espiritualidade em linguagem mais simples.

d. Testemunho profético no meio profissional: No âmbito do testemunho pessoal, encorajamos a explorar a sabedoria inaciana do Princípio e Fundamento, Duas Bandeiras, Discernimento e Tomada de Decisão, aplicada aos contextos profissionais. A caminho de uma maior visibilidade e apoio mútuo na missão comum, percebemos a urgência de criar grupos de partilha, reflexão e apoio por áreas profissionais, dando sequência à experiência bem sucedida das Jornadas 2009 e ajudando os membros CVX a serem sinais de esperança num meio profissional fragilizado.

e. Formação e consolidação do corpo apostólico: Considerando que a Comunidade se distribui por diferentes etapas de crescimento, a Assembleia reforça a necessidade de capitalizar os diferentes programas de formação e materiais desenvolvidos durante estes últimos anos (cursos de animadores, jornadas, curso de guias, percurso de acolhimento, etc.), estimulando a Comunidade a fazer uso destes recursos. Em particular estimula‐se a Comunidade a auxiliar o discernimento vocacional de cada membro, num processo de crescimento que venha a conduzir a um maior compromisso com o corpo. A dinâmica do circulo apostólico – discernir, enviar, acompanhar e avaliar ‐ é imprescindível à construção da CVX como corpo apostólico, exigindo um especial empenho em levar a sua compreensão e utilização a todos os grupos. A experiência dos últimos anos tem mostrado insuficiente disponibilidade por parte da Comunidade em assumir cargos nas Equipas de Serviço. A Assembleia encoraja a generosidade para participar de forma activa na sustentação deste corpo.

(in Documento final Assembleia Nacional CVXP , Fátima 2010)







14 outubro 2010

Enamora-te

Não há nada mais prático
Do que encontrar a Deus;
Do que amá-Lo de um modo absoluto,
E até ao fim.

Aquilo pelo que estejas enamorado
E arrebate a tua imaginação,
Afectará tudo.


Determinará
O que te há-de fazer levantar de manhã
E o que farás dos teus finais de tarde;
Como vais passar os fins de semana,
O que vais ler
A quem deves conhecer;
O que te partirá o coração
E o que te encherá de espanto
Com alegria e gratidão.


Enamora-te, permanece enamorado,
E assim, tudo ficará decidido.

In "Rezar com o Pe. Arrupe"

21 setembro 2010

O Turista e o Peregrino

Agora que Setembro nos trouxe de regresso às trajectórias do quotidiano, é bom pensar que o turista e o peregrino convivem dentro de nós.

O turista e o peregrino têm mais em comum do que possa parecer. Um pelo caminho do lazer, outro pela volta do sagrado: é, contudo, um impulso antropológico semelhante que os move. A experiência da saída de si, o desejo de outras paisagens, a busca de alteridade são traços reconhecíveis tanto num como noutro. O peregrino conserva alguma coisa do turista. O caminho de peregrinação, mesmo quando assume um carácter penitencial, não perde um tom festivo, uma quase ligeireza, que não é distracção, mas celebração. Tal como o turista conserva coisas do peregrino. Qualquer viagem pressupõe, por exemplo, uma reflexividade, uma experimentação sobre si mesmo, um saber de si. Mesmo se o que vemos são linhas, digressões por cidades ou trilhos, mesmo se nos parece estar apenas perante a representação objectiva da paisagem diurna ou do deslumbramento nocturno: por detrás de cada fragmento solto do mundo encontra-se uma pergunta maior.

A palavra turismo, de coloração anglo-saxónica, traduz a viagem motivada pelo prazer de mergulhar no aberto do mundo. Aparentemente não há nela uma necessidade ou um qualquer retorno utilitário. Nem há sequer, na maior parte dos casos, uma intencionalidade muito definida ou maturada. Num verso de Baudelaire, que é uma espécie de dístico, diz-se que «o verdadeiro viajante/é aquele que parte por partir». O turista é mobilizado pelo desejo de olhar, de conquistar, de perder («perder países», como Fernando Pessoa explica), fazendo da curiosidade uma marca de cultura e existência.

Mas a peregrinação também é isso, uma forma de viagem. Na prova real da deambulação pelo espaço, o peregrino busca, também ele, uma visão, com uma diferença qualitativa: a natureza dessa visão é interior. Não se trata simplesmente de ver mundo, mas de ver dentro e para lá do mundo, tacteando um sentido, uma luz, um encontro, uma revelação.

Agora que Setembro nos trouxe de regresso às trajectórias do quotidiano, é bom pensar que o turista e o peregrino convivem dentro de nós.

José Tolentino Mendonça


(in http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=81442 acedido em 20 Setembro 2010)

11 setembro 2010

19 Setembro - Abertura Ano CVX-BI 2010/2011

A Abertura do Ano CVX-BI 2010/2011 será no dia 19 Setembro (Domingo)  na Residência da Comunidade dos Jesuítas em S. Tiago (Covilhã), com o seguinte programa:

15h00
Acolhimento
15h15
Apresentação Plano Actividades 2010/2011+Preparação Assembleia Nacional CVX-P
16h15
Celebração Eucarística (o ofertório reverterá para a Comunidade S.Pedro)
17h15
Merenda partilhada

Divulguem junto dos membros CVX dos vossos grupos, familiares e amigos que se queiram associar.

07 setembro 2010

FÉRIAS....

Férias....
Este vaivém que Julho e Agosto introduzem (com viagens mais próximas ou longas, tráfegos de vária ordem, alterações ao quadro de vida corrente…) constitui, para lá de tudo o mais, uma espécie de coreografia interior. Dir-se-ia que a própria vida solicita que a escutemos de outra forma. De facto é disso que se trata, mesmo que se não diga. É com esse imperativo que cada um de nós, mais explícita ou implicitamente, luta: a necessidade irresistível de reencontrar a vida na sua forma pura.


Se a linha azul do mar tanto nos seduz é também porque essa imensidão nos lembra o nosso verdadeiro horizonte. Se subimos aos altos montes é porque na visão clara que aí se alcança do real, nessa visão resplandecente e sem cesuras, reconhecemos parte importante de um apelo mais íntimo. Se buscamos outras cidades (e nessas cidades uma catedral, um museu, um testemunho de beleza, um não sei quê…) é também perseguindo uma geografia interior. Se simplesmente investimos numa dilatada experiência do tempo (refeições demoradas, conversas que se alongam, visitas e encontros) é porque a gratuidade, e só ela, nos dá o sabor adiado da própria existência.

Entendemos bem aquele verso de Ruy Belo  que diz: «Espero pelo verão como quem espera por uma outra vida». Na verdade, não é por uma vida estranha e fantasiosa que esperamos, mas por uma vida que realmente nos pertença. Por isso é tão decisivo que as férias, tempo aberto às múltiplas errâncias, não se torne um período errático e vago; tempo plástico e criativo e não se enrede nas derivas consumistas; tempo propício à humanização não se perca na fuga a si mesmo e no ruído do mundo. Em toda a tradição bíblica o repouso é uma oportunidade privilegiada para mergulhar mais fundo, mais dentro, mais alto. É aceitar o risco de sentir a vida integralmente e de maravilhar-se com ela: na escassez e na plenitude, na imprevisibilidade dolorosa e na sabedoria confiante.


José Tolentino Mendonça

In O hipopótamo de Deus e outros textos, ed. Assírio & Alvim

06 agosto 2010

Novo Assistente Regional


No passado dia 19 de Julho o Padre Provincial Pe. Nuno Gonçalves, sj, nomeou o Pe. Hermínio Vitorino,sj, como assistente regional da CVX-Beira Interior.

O Pe. Hermínio Vitorino, sj nasceu em 1966 em S. Jorge (Açores), entrou na Companhia de Jesus em Setembro de 1990, tendo sido ordenado sacerdote em 2002. Depois de passagens por Pragal-Almada, Tete-Mocambique, Póvoa de Varzim, veio para a Covilhã em 2009 onde foi nomeado Pároco in solidum de S. Pedro da Covilhã.
É guia do grupo 5ªsemana e tem participado regularmente nas actividades da CVX-BI e da CVX-P.
Fazemos votos que esta nomeação possa ajudar-nos a todos para o crescimento e solidez da CVX-BI.

Neste momento de transição uma palavra ainda de agradecimento ao anterior assistente, Pe. Francisco Rodrigues,sj, pelo seu empenho e dedicação demonstrados ao longo destes 4 anos de serviço. Bem Haja!

04 agosto 2010

Boas vindas !

Olá a Todos !

Estamos a experimentar um novo meio de partilha da nossa comunidade.
Vamos procurar que seja um blog actualizado e acima de tudo humanizado...
Até breve

A equipa regional