A nossa Comunidade é formada por cristãos: homens e mulheres, adultos e jovens, de todas as condições sociais que desejam seguir Jesus Cristo mais de perto e trabalhar com Ele na construção do Reino, e reconheceram na CVX a sua particular vocação na Igreja (PG4)

31 julho 2018

Palavras Com Ritmo, I


Paulo Duarte, sj


Jesuíta, padre, coordenador da pastoral e professor no Colégio das Caldinhas (Sto. Tirso).

Licenciado em Filosofia (Faculdade de Filosofia - UCP/Braga) e em Teologia (Facultad de Teología - UPComillas/Madrid), Mestre em Teologia Fundamental (Centre Sévres/Paris) com a Tese "Tomorrow shall be my dancing day - pistas para um estudo teológico da dança e do corpo". Interesses de estudo e investigação relacionados com a Humanidade, no contributo da busca de sentido e reconciliação, a partir de questões como a corporeidade e a arte, pela dança, relacionando com a espiritualidade, pedagogia e acompanhamento. 

São muitas as pessoas que acompanha diariamente: em aulas, em conversas, em celebração de Missa e reconciliação. também a presença nas redes sociais, de onde sai a inspiração para este livro, e ocasionalmente em programas televisivos permite que viva uma comunicação mais ampla com a sociedade atual.


(1) À conversa com a Mia na INSPIRAÇÃO PARA UMA VIDA MÁGICA deu-se a conhecer como ‘sou em caminho’.
Que Pessoa caminha e com quem?

Tenho dificuldade com definições. Dentro da nossa complexidade, há tanto a acontecer. É certo que, por exemplo, define-nos o lugar onde se nasce e cresce. Mas, ao jeito do "nascer de novo" que Jesus diz a Nicodemos, quando me apercebo da quantidade de nascimentos já vividos até hoje, lá volto à dificuldade inicial. Daí este "ser em caminho", permitindo o dinamismo da vida, as conversões de coração com o que me vai surgindo no caminho. Isso dá muita abertura de horizontes e maior consciência da diversidade de tudo quanto existe. Assim, caminho em busca da maior autenticidade, comigo e com os outros, diante de Deus. Entre o caminhar Só (propositadamente em maiúscula) e com tantas pessoas, não tenho dúvidas de Deus sempre presente, até mesmo quando Ele se silencia profundamente.  

(2) Quem foi/é o Sinal/Semáforo que o ajuda a avançar?

Aquele que se afirma como o Caminho, a Verdade e a Vida.

(3) Na apresentação do seu livro, no dia 19 de abril no CUPAV, a Sónia Morais Santos falava que o que escreve a ajudou a sentir-se verdadeiramente acolhida. Dizia ‘eu também posso fazer parte deste projecto de Deus’.
Porque escreve?

Escrever tornou-se algo natural com o tempo. Não o era até aos meus tempos de estudo de Filosofia. Até aí, tentei uma ou outra vez, mas faltava-me leitura exterior (livros, publicações, etc.) e interior (saber escutar-me e conhecer-me). Com a entrada na Companhia e, em especial com o estudo de "letras e humanidades", abre-se o mundo interior com imensas perspectivas a explorar. Aos poucos, em diário espiritual, fui arriscando palavras. Sorrio muito a ler esses primeiros textos, carregados de floreados espirituais, na tentativa de ser profundo, intenso, imenso, sempre com MUITO exagero. Depois, tal como na dança em que há que ir limpando os gestos, tornando-os simples e, assim, mais autênticos, as palavras em corpo também se foram tornando naturais e igualmente simples. A escrita tornou-se um ponto de encontro com as minhas observações, ou leituras, do que me rodeia e do que vivo.

Quando o faz?

Não tenho um "quando" preciso. Pode acontecer em qualquer momento.

Para quem escreve?

Para mim, enquanto diário espiritual. Também para outros. Quando partilho os textos nas redes sociais faço-o a pensar em grupos de pessoas. Não tanto alguém em concreto, para isso há as formas mais directas, mas em reflexão que possa contribuir a outras reflexões sobre temas que interesse a mais pessoas. E, sim, para Deus que é Palavra feita Carne. 

(4) O voo na Companhia de Jesus faz-se com disciplina, mas sobretudo como vocação.
Duas/três dicas para ir discernindo o que é isto de vocação.

1. Autenticidade consigo mesmo, sobre o que está a viver. O discernimento só acontece com a Verdade.
2. Perceber as luzes e sombras sobre o concreto do que vive, no encontro com Deus e com os outros. Perguntar-se: sinto aumento de esperança, fé e caridade? Se sim, manter e aprofundar o caminho. Caso não...
3. ...procurar alguém que ajude a orientar essa escuta vocacional.

(5) Há um momento que me arrepiou neste dia 19 de abril no CUPAV. Depois da Sónia falar sobre o livro “Deus como Tu” era a sua vez! E de repente, diz: ‘estou sem palavras…’
Para mim, é a surpresa e a simplicidade, daquele que é amado. Como no seu quotidiano é Amor em corpo?

A ser agradecido: a Deus e às pessoas que me rodeiam, de perto e de longe. E a dar o melhor que posso, nos talentos que me são confiados.

(6) O livro “Deus com Tu” ajuda a tomar consciência da proposta do MAGIS de Santo Inácio de Loyola?

Depois de quase 15 anos como jesuíta, onde a espiritualidade inaciana se vai incorporando, inevitavelmente o meu olhar para a realidade tem algo de MAGIS. Isso passou e passa para a escrita. Nos muitos e bons feedbacks que tenho recebido, apercebo-me de que, sem que tenha sido o propósito, está a ajudar a tomar consciência da proposta desse MAIS que somos diante de Deus.

(7) Neste Tempo morno e de serenidade (férias) que GAP coloca na sua oração?

Mais do que espaço, adapto-a ao silêncio e ao descanso. Naturalmente fica mais contemplativa diante da beleza do mar, quando lá estou, e permito-me longas caminhadas com Deus, deixando que o movimento também me ajude a rezar. 


[Agradeço ao Padre Paulo o seu acolhimento e disponibilidade em responder às questôes colocadas.]


By Sofia Preto


Chegaram as PALAVRAS COM RITMO!
Uma nova iniciativa da CVX-BI.

22 julho 2018

Realizou-se no passado dia 14 a "Caminhada de Encerramento do ano CVX-BI".

Começámos de manhã, em Valhelhas, com um grupo bem disposto e representativo dos diversos grupos que constituem a Comunidade da Beira Interior. 
De coração aberto e disponíveis para "caminhar", nos vários sentidos com que esta palavra nos desafia, fomos convidados a uma breve oração de louvor e agradecimento pela beleza e vida do local onde nos encontrávamos e por tudo quanto compõe a diversidade e riqueza do nosso mundo.

E, assim, com alegria iniciámos a caminhada, 

À luz da livre beleza
Que neste mundo acontece,
Num berço de natureza
Que a luz divina oferece.

O percurso (predefinido) fez-se com alguns quilómetros serra acima, a bom ritmo, mas com oportunos (e agradecidos!) momentos de paragem, oração e partilha: partilha de alimento, de algum cansaço, e de pensamentos resultantes dos pontos de oração e reflexão  que foram sendo propostos, ao longo do caminho. 
A pouco e pouco fomos avançando e chegámos lá, a esse ponto mais alto e exigente, como exigente é tudo quanto nos "puxa" mais para cima. 

Caminhámos, caminhámos,
Com passos nem sempre iguais.
E dos passos que traçámos 
Nasceu força para alguns mais.

A descida, mais fácil, muito conversada e muito animada, trouxe-nos de volta ao ponto de partida, onde, à sombra amiga das árvores, vivemos outro "passo" desta caminhada: a Eucaristia, celebrada pelo P. Luís Pardal, pároco de Manteigas (e nosso companheiro serra acima e serra abaixo), e participada num clima de recolhimento, paz e serena amizade.

Depois, ao almoço, com o mesmo espírito de autenticidade simples
  
À volta da grande mesa
Com abundância de "pão",
Partilhamos a certeza 
De oferecer gratidão.

A tarde quente, sem "escaldar" convidou a um tempo de pausa, onde coube tudo o que nos faz bem: a conversa entre amigos, o silêncio, o riso, o descanso, sentindo 

Como a vida nos ensina
A passar "de mão em mão"
Tanta coisa pequenina
Que acrescenta o coração! 

Depois, com o avanço da tarde,  pouco a pouco, fomos regressando a casa e à rotina, com a experiência de um dia cheio de movimento que, mais do que desentorpecer as pernas, estimulou o movimento interior de quantos se encontram e reveem no carisma CVX.



Cheguei ao final do dia cansada, sim, mas reforçada e muito alegre, porque senti esta caminhada, não só como atividade de "encerramento", mas como um passo em frente, no meu caminho em CVX.

Deixo um agradecimento a todos quantos intervieram nesta atividade, quer definindo o percurso, quer preparando e orientando os pontos de oração, quer estimulando à participação, quer providenciando os transportes. Foram muitos os que deram de si para que este fosse um encontro de amizade e alegria por tudo aquilo que a nossa "casa comum" nos oferece e nos convida a contemplar, partilhar e cuidar.

By Conceição Neves
Grão de Mostarda

18 julho 2018

Espiritualidade, presentes na Vida Quotidiana e chamados a dar testemunho



Espiritualidade no Feminino. Mote para uma iniciativa da Junta de Freguesia de Castelo Branco que juntou três mulheres para falar de Espiritualidade: a investigadora Adelaide Salvado, a Irmã Adriana (Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada) e Sofia Preto (Comunidade de Vida Cristã, CVX-BI). Moderou o Padre Nuno Folgado, pároco de São Miguel da Sé - Castelo Branco. 
Será que a espiritualidade tem género? O tema foi abordado sob várias perspetivas, se haveria uma espiritualidade feminina e masculina, qual a importância da espiritualidade na vida quotidiana e a espiritualidade noutras religiões, nos agnósticos e nos ateus. 
Para a Irmã Adriana, a espiritualidade nasce connosco, e apesar de esta ser uma dimensão do ser humano, ela é da opinião que a vivência desta é diferente entre homens e mulheres. Segundo a Irmã, a mulher é mais sensível e delicada e tem mais facilidade em refletir sobre os aspetos do seu íntimo. Já a investigadora Adelaide Salvado apresenta vários testemunhos de místicos, homens e mulheres, que segundo ela apresentam uma linguagem espiritual idêntica, com uma profundidade semelhante, onde procuram um sentido para a vida, um Amor transformador. Aborda ainda a interação corpo e mente. Em representação da CVX (Grão de Mostarda), Sofia Preto afirma que a espiritualidade cristã define-se como uma vida de acordo com o Espírito de Deus, uma vida que nos pode fazer filhos e filhas de Deus e é um convite a um percurso. Este percurso depende da forma como o Espírito Santo toca a cada um de nós, independentemente de ser homem ou mulher. É importante para cada um, com as suas semelhanças e diferenças, saber interpretar e acolher esta relação com o Senhor e a Sua vontade para nós.  Esta forma de Vida orienta-nos na construção do Reino e na capacidade de ver Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus (Espiritualidade Inaciana). Segundo ela existe uma complementaridade entre a espiritualidade de cada um, independentemente do género. 
Houve ainda espaço para debate entre as conferencistas e o público assistente. 
Em jeito de conclusão foi unânime entre todas que a Espiritualidade serve o desejo de cada um de busca do sentido da vida, e que em última instância se traduz sempre no abrir-se ao outro, no Amor ao outro, à comunidade, independentemente do fio condutor dessa busca interior (religioso ou não religioso). Sendo uma forma de vida e de agir que se desenvolve e cresce. 
By Filipa Santos
Grão de Mostarda