Paulo Duarte, sj
Jesuíta, padre, coordenador da pastoral e professor no Colégio das Caldinhas (Sto. Tirso).
Licenciado em Filosofia (Faculdade de Filosofia - UCP/Braga) e em Teologia (Facultad de Teología - UPComillas/Madrid), Mestre em Teologia Fundamental (Centre Sévres/Paris) com a Tese "Tomorrow shall be my dancing day - pistas para um estudo teológico da dança e do corpo". Interesses de estudo e investigação relacionados com a Humanidade, no contributo da busca de sentido e reconciliação, a partir de questões como a corporeidade e a arte, pela dança, relacionando com a espiritualidade, pedagogia e acompanhamento.
São muitas as pessoas que acompanha diariamente: em aulas, em conversas, em celebração de Missa e reconciliação. também a presença nas redes sociais, de onde sai a inspiração para este livro, e ocasionalmente em programas televisivos permite que viva uma comunicação mais ampla com a sociedade atual.
(1)
À conversa com a Mia na INSPIRAÇÃO PARA UMA VIDA MÁGICA deu-se a conhecer
como ‘sou em caminho’.
Que
Pessoa caminha e com quem?
Tenho dificuldade com
definições. Dentro da nossa complexidade, há tanto a acontecer. É certo que,
por exemplo, define-nos o lugar onde se nasce e cresce. Mas, ao jeito do
"nascer de novo" que Jesus diz a Nicodemos, quando me apercebo da
quantidade de nascimentos já vividos até hoje, lá volto à dificuldade inicial.
Daí este "ser em caminho", permitindo o dinamismo da vida, as
conversões de coração com o que me vai surgindo no caminho. Isso dá muita
abertura de horizontes e maior consciência da diversidade de tudo quanto
existe. Assim, caminho em busca da maior autenticidade, comigo e com os outros,
diante de Deus. Entre o caminhar Só (propositadamente em maiúscula) e com
tantas pessoas, não tenho dúvidas de Deus sempre presente, até mesmo quando Ele
se silencia profundamente.
(2)
Quem foi/é o Sinal/Semáforo que o ajuda a avançar?
Aquele que se afirma como o
Caminho, a Verdade e a Vida.
(3)
Na apresentação do seu livro, no dia 19 de abril no CUPAV, a Sónia Morais
Santos falava que o que escreve a ajudou a sentir-se verdadeiramente acolhida.
Dizia ‘eu também posso fazer parte deste projecto de Deus’.
Porque
escreve?
Escrever tornou-se algo
natural com o tempo. Não o era até aos meus tempos de estudo de Filosofia. Até
aí, tentei uma ou outra vez, mas faltava-me leitura exterior (livros,
publicações, etc.) e interior (saber escutar-me e conhecer-me). Com a entrada
na Companhia e, em especial com o estudo de "letras e humanidades",
abre-se o mundo interior com imensas perspectivas a explorar. Aos poucos, em diário
espiritual, fui arriscando palavras. Sorrio muito a ler esses primeiros textos,
carregados de floreados espirituais, na tentativa de ser profundo, intenso,
imenso, sempre com MUITO exagero. Depois, tal como na dança em que há que ir
limpando os gestos, tornando-os simples e, assim, mais autênticos, as palavras
em corpo também se foram tornando naturais e igualmente simples. A escrita
tornou-se um ponto de encontro com as minhas observações, ou leituras, do que
me rodeia e do que vivo.
Quando
o faz?
Não tenho um
"quando" preciso. Pode acontecer em qualquer momento.
Para
quem escreve?
Para mim, enquanto diário
espiritual. Também para outros. Quando partilho os textos nas redes sociais
faço-o a pensar em grupos de pessoas. Não tanto alguém em concreto, para isso
há as formas mais directas, mas em reflexão que possa contribuir a outras
reflexões sobre temas que interesse a mais pessoas. E, sim, para Deus que é
Palavra feita Carne.
(4)
O voo na Companhia de Jesus faz-se com disciplina, mas sobretudo como vocação.
Duas/três
dicas para ir discernindo o que é isto de vocação.
1. Autenticidade consigo
mesmo, sobre o que está a viver. O discernimento só acontece com a Verdade.
2. Perceber as luzes e sombras
sobre o concreto do que vive, no encontro com Deus e com os outros.
Perguntar-se: sinto aumento de esperança, fé e caridade? Se sim, manter e
aprofundar o caminho. Caso não...
3. ...procurar alguém que
ajude a orientar essa escuta vocacional.
(5)
Há um momento que me arrepiou neste dia 19 de abril no CUPAV. Depois da Sónia
falar sobre o livro “Deus como Tu” era a sua vez! E de repente, diz:
‘estou sem palavras…’
Para
mim, é a surpresa e a simplicidade, daquele que é amado. Como no seu quotidiano
é Amor em corpo?
A ser agradecido: a Deus e às
pessoas que me rodeiam, de perto e de longe. E a dar o melhor que posso, nos
talentos que me são confiados.
(6)
O livro “Deus com Tu” ajuda a tomar consciência da proposta do MAGIS de Santo
Inácio de Loyola?
Depois de quase 15 anos como
jesuíta, onde a espiritualidade inaciana se vai incorporando, inevitavelmente o
meu olhar para a realidade tem algo de MAGIS. Isso passou e passa para a
escrita. Nos muitos e bons feedbacks que tenho recebido, apercebo-me de que,
sem que tenha sido o propósito, está a ajudar a tomar consciência da proposta
desse MAIS que somos diante de Deus.
(7)
Neste Tempo morno e de serenidade (férias) que GAP coloca na sua oração?
Mais do que espaço, adapto-a
ao silêncio e ao descanso. Naturalmente fica mais contemplativa diante da
beleza do mar, quando lá estou, e permito-me longas caminhadas com Deus,
deixando que o movimento também me ajude a rezar.
[Agradeço ao Padre Paulo o seu acolhimento e disponibilidade em responder às questôes colocadas.]
By Sofia Preto
Chegaram as PALAVRAS COM RITMO!
Uma nova iniciativa da CVX-BI.
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