Rui tem 43
anos, é casado e é pai de três filhos. Nasceu na Covilhã, onde vive e trabalha
como professor universitário. Entrou em CVX em 2003, tendo feito o curso de
animadores em 2005. Foi animador do grupo G.A.N.T. (2007-2008). Fez parte da
equipa regional CVX-BI (2006-2008) tendo sido Presidente da CVX-BI
(2009-2010). Fez o compromisso temporário em 2009. Participou na Assembleia
Nacional 2010. Fez parte da equipa de serviço da ‘Vinde e Descansai’
(Semana Férias CVX-BI, 2016-2018) e recentemente foi delegado CVX.P à
Assembleia Mundial CVX 2018. Atualmente é membro do grupo “5ªSemana” (CVX.BI) e
faz parte da Equipa de Formação CVX-P.
“CVX, um Dom para a
Igreja e para o Mundo”
(1) A Assembleia Mundial teve lugar em julho de
2018 em Buenos Aires.
Como foi o acolher da proposta como delegado na
AM2018?
Podemos dizer que se foi preparando para "fazer-se sensível aos sinais dos tempos e aos
movimentos do Espírito Santo" (PG6)?
A
possibilidade de ser delegado à AM surgiu de forma ocasional. Uma sucessão de
acontecimentos despertaram em mim a possibilidade de ser nomeado, traduzidos
num desejo de maior serviço à CVX, e em aprofundar este caminho vocacional particular.
Foi também num ano em que me disponibilizei a fazer parte da equipa de
formação. E desse modo poder eventualmente participar na AM também era uma
resposta da minha disponibilidade ao chamamento referido anteriormente.
Depois de saber que efetivamente seria um dos
delegados, senti uma grande gratidão e alegria pela confiança deste envio da
comunidade nacional. Confiança que também pedi ao Senhor de modo a sossegar o temor
da responsabilidade, do desconhecido e de todas as inseguranças de ir até ao
“fim do mundo”.
(2) Contextualizando com a celebração do 50º aniversário da CVX desde a sua
renovação em 1967 (Dar Graças) e percebendo que procura cooperar com o Espírito
Santo, como foi construída e rezada a partilha (expressando sempre um modo novo
de olhar o tempo e as diversas situações) que fizeram ao longo desses 10 dias
de AM?
A preparação da AM foi feita essencialmente a
partir da leitura e oração dos documentos preparatórios (a convocatória
propriamente dita, e os Projects 168 e 169). Ainda houve oportunidade para numa
Assembleia de Responsáveis os delegados poderem ser “empapados” com os frutos
da oração das diferentes comunidades regionais, precisamente sobre os dons
recebidos ao longo da nossa história CVX, e o modo como os podemos comunicar à
Igreja e ao Mundo, atualizando o carisma CVX nos dias de hoje.
Diga-se que o tema e a graça a pedir nesta AM
vinham ao encontro das graças recebidas da última Assembleia Nacional cujas
moções apontavam para a necessidade dum maior crescimento e compromisso de
sermos CVX. Em certa medida, por orientação do Espírito Santo, a preparação da
AM já estava a ser feita.
(3) O
papado do Papa Francisco convida-nos a uma nova visão, profundidade e
experiência do catolicismo contemporâneo, o qual pede uma verdadeira conversão
da forma como nós, a Igreja, estamos presentes para nós mesmos e para o mundo.
Em AM foi sentido, vivido e frutuoso este
convite?
Exemplos concretos.
A AM viveu
muito inspirada pela presença do Papa Francisco. Desde logo a escolha da Buenos
Aires e do local, Colégio Máximo S.José, onde o P. Jorge Bergoglio foi aluno,
professor e reitor teve um sentido
especial para todos os delegados. Depois as palavras de saudação que o Papa nos
dirigiu onde nos convidou a darmos graças pelos dons recebidos e nos exortou a
aprofundar o nosso desejo em sermos contemplativos em ação.
Todavia,
penso que foi sobretudo a visão de uma Igreja evangelizadora, missionária e
próxima, que o Papa Francisco nos tem convidado a aceitar e a transformar, que
marcou profundamente os delegados da AM. Fomos agraciados com a presença de Austen Ivereigh, biógrafo do Papa, que precisamente
nos ajudou a refletir nesta nova visão de Igreja, fruto de uma experiencia
vivencial e de discernimento da Igreja da América Latina. E tivemos também a
graça duma
experiência concreta de igreja missionaria através do encontro com famílias e
jovens da comunidade paroquial São José do Barrio
San Miguel, onde pudemos vivenciar um pouco daquilo que o Papa Francisco
sonha para a Igreja: acolhimento, partilha, misericórdia, reconciliação, alegria
e Vida.
(4) “… este reconhecimento do dom e da graça que o
Senhor vos concedeu nestes anos… deve levar-vos a uma humilde ação
de graças, porque Jesus olhou para vós além das vossas qualidades e virtudes.
Mas, ao mesmo tempo, pressupõe uma chamada à responsabilidade, a sair de vós
mesmos e a ir ao encontro dos outros, para os nutrir com o único pão capaz de
saciar o coração humano: o amor de Cristo. Que a “ilusão agnóstica” não vos
desoriente!”
In
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO AO PRESIDENTE DO
CONSELHO EXECUTIVO DA COMUNIDADE DE VIDA CRISTÃ POR OCASIÃO DA XVII
ASSEMBLEIA MUNDIAL
Para
agradecer, cair na conta de tanto bem recebido e valorizar os momentos que nos
fazem avançar como Comunidade em Crescimento e Amadurecimento, que momentos
fortes pode partilhar connosco?
A
experiência da AM veio confirmar que quando somos verdadeiramente guiados pelo Espírito
Santo o caminho é possível, apesar das diferenças, dificuldades e resistências.
O ambiente típico de uma Assembleia (mesas e cadeiras em filas uns atrás dos
outros) foi substituído por uma Comunidade que centrados em Deus e no Mundo, procurava
aprofundar o que é isto de ser CVX, aqui e agora. A tenda onde nos reuníamos,
passou a ser a tenda que Deus montou entre nós e habitou connosco naqueles
dias, e juntos, guiados por Ele pudemos experimentar os frutos de uma única e
verdadeira Comunidade Mundial, amigos no Senhor. Essa vivência foi possível
pelo processo de discernimento comunitário que todos os delegados foram
convidados a fazer, e desse modo deixámos de certa forma os nossos
voluntarismos, méritos, obsessões e agendas pré-estabelecidas, para nos confiarmos
ao Senhor, o verdadeiro anfitrião da AM.
Desta
experiência destaco dois momentos fortes:
- Contemplação da nossa
história de Graça. Orientados pela Magdalena
Palencia (México) e rezando a nossa fita temporal (desde a transição das
Congregações Marianas até à AM Libano’2013), a história tornou-se vida, e vida com
tanta riqueza, com tantas graças, mas também com crises e dores, próprias do
amadurecimento. A CVX é verdadeiramente um dom de Deus e Deus tem guiado a CVX.
(5) Os
delegados foram convidados a fazer parte de um processo formal de discernimento
comunitário enraizado nos Exercícios Espirituais através da partilha
espiritual.
O
Senhor que convida ao Corpo, Corpo Apostólico, como foi a experiência:
diferentes línguas, 204 delegados de a 63 das 67 comunidades afiliadas.
Conte-nos, por favor.
O processo de
discernimento comunitário foi a grande experiência que os delegados foram
convidados a viver nesta AM. Tendo presente o caminho realizado ao longo destes
50 anos CVX, o convite de conversão da Igreja proposto pelo Papa Francisco e a
realidade do nosso mundo de hoje (em que somos desafiados como leigos a assumir
a realização do Vaticano II), a AM foi preparada para que em clima de
discernimento, a CVX confirmasse a sua identidade,
vocação e missão.
Tivemos a ajuda de
uma equipa do ESDAC (Exercices Spirituels
pour un Discernement Apostolique Communautair) que nos guiou através
da oração pessoal, da partilha em pequeno grupo e em plenário. Esta dinâmica muito
conhecida da CVX, teve como principal desafio o exercício da denominada “2ª
ronda”. Por vezes, nas nossas comunidades locais ainda há dificuldades em
entender o que é a “2ªronda”, e por vezes o modo como é realizada não cumpre
com o objetivo da mesma, considerando o discernimento comunitário. Na AM os
delegados no seu pequeno grupo foram convidados a exercitar precisamente esta
2ª ronda. Foi pedido que após a 1ª ronda, da partilha objetiva dos frutos da
oração pessoal, os delegados se descentrassem das suas partilhas e estivessem sensíveis
às moções geradas pela escuta atenta das partilhas dos outros, de modo a serem
guiados pelo Espírito no processo de discernimento, concretizado através de 1
frase curta e objetiva, ou 2 a 3 palavras, que seriam partilhadas depois em plenário.
Em plenário (onde tínhamos a partilha de cerca de 30 grupos), mantinha-se esta
atitude de quem procura estar atento aos sinais de Deus, buscar a Sua Vontade,
e não tanto querer ser protagonista ou líder.
Foi uma
experiência muito enriquecedora, e como referi anteriormente marcou o ambiente
da assembleia, de forma que as próprias decisões e eleições decorreram com
grande serenidade e comunhão. Além disso, resultante deste processo de
discernimento, pode-se dizer que o Espírito confirmou a identidade CVX como
comunidade laical inaciana e apostólica, e desafia a CVX a cuidar melhor deste
dom de vida em Igreja, a partilhar a riqueza dos métodos e ferramentas
inacianas, e a ir ao encontro dos outros para gerar vida.
(6) Agradecendo a disponibilidade, o
acolhimento e o compromisso em responder a todas as perguntas lançadas, que
Graça a Pedir partilha connosco neste tempo próprio para regressar a Portugal (CVX-P)
e ao gozo íntimo da vivência da AM.
Para
que possamos em Comunidade CVX sentirmo-nos chamados e animados a aprofundar a nossa identidade, a partilhar humildemente o dom da
espiritualidade inaciana e a sair
para servir os mais necessitados a fim de seguir a Jesus mais de perto e
trabalhar com Ele na construção do reino.
Unidos no Senhor,
By Sofia Preto
CVX-BI